Carol nos conta um pouco sua experiência sobre “coelho da Páscoa”. É muito importante saber que esse peludinho não deve ser dado como um presente.
Descobri que na escola do Ben, meu filho de 3 anos, tinha um coelho. Uma coelha, na verdade. Peppa.
Um recinto só para ela, com lugar para tomar banho de Sol e também protegido da chuva e do frio. Os alimentos adequados à disposição. Funcionários se revezavam para cuidar dela nos fins de semana.
Justo. Ainda assim, uma prisão de luxo.
Então, fui até a escola:
– Oi, eu queria falar com a diretora.
– Algum problema, Carol?
– Sim.
– Pedagógico?
– Sim.
– Com o Ben?
– Não. Com o coelho.
Além de ter sido uma cena e tanto, a diretora já me recebeu dizendo que Peppa era muito bem tratada. Disse que eu não duvidava disso, mas expliquei que, além de não ser o ideal para ela, a maioria dos coelhos adquiridos na Páscoa são abandonados pouco tempo depois em parques, praças e até lixeiras.
E que, se a presença de Peppa na escola não tinha um propósito pedagógico a não ser o de incentivar as crianças a pedirem coelhos da Páscoa para os seus pais, não havia justificativa.
Nos Estados Unidos, por exemplo, de acordo com a Sociedade Humanitária americana, coelhos são o terceiro animal de estimação mais popular depois de gatos e cachorros – e a terceira espécie mais abandonada também.
A enorme taxa de abandono, tanto no Brasil quanto em outros países, se deve principalmente à falta de conhecimento sobre a domesticação: coelhos vivem de 10 a 12 anos e requerem cuidados específicos. Segundo Anne Martin, diretora executiva da House Rabbit Society, a maior organização de resgate de coelhos nos Estados Unidos, “esta desconexão parece impulsionar as compras de coelhos: como muitas pessoas acreditam que eles vivem pouco, não requerem muitos cuidados e são criados em cativeiro, são considerados como bichos de estimação para iniciantes, assim como hamsters e peixes dourados, perfeitos para crianças. Essa confusão gera um excesso de vendas de filhotes perto da Páscoa e um consequente aumento no abandono deles”.
Além disso, ao contrário do que muita gente imagina, coelhos precisam de exercício e não devem ficar em gaiolas. Podem ser treinados para fazer suas necessidades no lugar certo, mas, como todo aprendizado, isso requer paciência e dedicação. Os cuidados veterinários também podem ser bem mais caros para quem está habituado com os gastos com cães e gatos.
Com o objetivo de conscientizar as pessoas a encontrarem outras opções à compra de coelhos como animais de estimação, o que é muito comum nesta época do ano, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e Turismo do Paraná lançou, no último dia 9, a campanha “Páscoa Consciente”.
De acordo com a Secretaria, “todos os anos, após a Páscoa, muitos coelhos são encontrados abandonados e acabam morrendo de frio ou de fome, atropelados ou atacados por cães. Isso acontece porque nem sempre quem ganha um coelho de presente está disposto a arcar com os cuidados que o animal necessita – e que não são poucos”.
Na semana seguinte, fui buscar o Ben. Encontrei a diretora. Ela me disse, sorrindo, que Peppa não estava mais lá. Foi encaminhada para um sítio, onde está vivendo bem e livre. O que nos exemplifica que o problema não é só a falta de informação, mas sim a atitude que a gente toma quando a detém.
* Com informações da National Geographic.
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