Saiba o Que Fazer em Caso de Intoxicação Química em Cães e Gatos

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Saiba como prevenir e quais são os procedimentos a serem tomados em caso de intoxicação química em cães e gatos

Uma das grandes curiosidades que os cães compartilham com as crianças é sobre os produtos químico. Pode ser uma cor atrativa, um cheirinho bom: “hmmm….tem até de maçã!”.

E quando você menos espera tão rolando pelo chão vomitando e botando as tripas pra fora devido a uma intoxicação química. Nestas horas, a ação rápida por parte do tutor pode fazer a diferença entre um cão vivo e um cão morto.

 

Aviso intoxicação química em cães
O post de hoje é muito venenoso. Então, coloquem suas máscaras de gás e acompanhem (cof cof cof…..coooof argh *morri*)

defdogamas intoxicação química em cães( e você achou não existiam máscara de gás pra cachorro, não é, gafanhoto? Este tipo de máscara foi usado pelos cães do exército americano durante a Segunda Guerra – Patrocinado pelo Momento PetCultural =P)

Saiba o Que Fazer em Caso de Intoxicação Química em Cães e Gatos

Desinfetante, óleo de motor, água sanitária (a Cândida ou Quiboa, dependendo de onde você mora), querosene, gasolina, vaselina entre tantas outras coisas venenosas para cães e gatos que você provavelmente tem em casa.

A ocorrência de casos de intoxicação em animais domésticos ainda é bastante comum na prática clínica. Todo veterinário já recebeu uma ligação com “doutor! Meu cachorro bebeu desinfetante…que que eu faço? Ai, jesus!”.

Se o seu cão (ou gato) foi envenenado, você precisa agir rápido (e com calma), já que a intoxicação é, na maioria das vezes, de curso rápido e grave (podendo levar a morte num instantinho).

Independente de o animal estar ou não apresentando sinais clínicos, a intoxicação deve sempre ser tratada com emergência.

Os animais podem se intoxicar com plantas, alimentos, medicamentos etc. Mas hoje irei tratar só das intoxicações por produtos químicos em especial sobre produtos de limpeza, para o post não ficar muito quilométrico.

Foto: Jez Timms on Unsplash

A abordagem ao paciente intoxicado deve ser lógica e precisa. Ou, como diria Jack – O Estripador, vamos por partes:

Parte I: O que fazer quando achar o animal intoxicado?

Você chega em casa, depois de trabalhar que nem um camelo o dia inteiro e encontra seu cãozinho convulsionando e babando do lado de um vidro vazio de desinfetante (ou seja lá o que for).

Como já diria o Chapolin: “muita hora nessa calma”. Pegue o rótulo do produto e ligue para o seu veterinário ou para o CCI (centro de controle de intoxicações) – o número fica ali mesmo no rótulo do produto.

Parte II: O que intoxicou seu animal?

Você viu o seu peludinho ingerindo um agente tóxico? O que foi?

Nessa hora, lembre-se: não importa se o seu cachorro ingeriu óleo de bateria ou aquele seu creme favorito com cheirinho de rosas que você usa.

Fale sempre a verdade para o veterinário! Sabe aquela coisa de veritas vos liberabit? Pois é. O veterinário não te julga nem ri da sua cara! Fale sempre a verdade! Tenha sempre o rótulo do produto à mão quando ligar para o veterinário.

Parte III: Quanto do produto foi ingerido?

A intoxicação por produtos químicos é o que a gente chama de “dose-dependente”. Quanto maior a quantidade ingerida pior a situação. Se possível diga ao veterinário qual foi a quantidade ingerida.

Parte IV: Procedimentos

a) Procedimentos de emergência na ingestão

O primeiro procedimento, que você mesmo pode fazer em casa é induzir o vômito, antes de fazer isso leia esse post até o final, pois no Tópico V – sobre quando não induzir o vômito.

Para induzir o vômito você pode utilizar:

Água oxigenada 3 vol. na dose de 1 a 3ml por cada kg de peso do animal: a água oxigenada provoca distensão da mucosa gástrica e, consequentemente vômito.

Obs: nunca usar aquela água oxigenada 30 vol. que sua prima usa pra descolorir os pelos das pernas! Água oxigenada com maior volume pode causar um agravamento da intoxicação e até ruptura estomacal. É no máximo 3 volumes (ou 3%) e fim.

  • Sal ou água morna com bastante sal: Tanto faz administrar água morna (morna, pelo amor! Não vai me enfiar água fervente goela abaixo e queimar o cachorro!) ou colocar sal na base da língua do animal. O sal provoca irritação da mucosa e… vomito!
  • Detergente: Sim! O bom e velho Limpol que fica na pia da cozinha. Dê 1 ou 2 colheres de detergente diluídas em um copo de água. O mecanismo de ação é semelhante ao sal.
  • Xarope de Ipeca: Produto natureba utilizado pra induzir o vômito. Um must-have para os bulímicos ao redor do mundo (brincadeira! Não use xarope de Ipeca pra sustentar sua bulimia. O uso continuado causa degeneração do músculo cardíaco)

ATENÇÃO!

A indução de vômito só é eficaz se realizada até no máximo 1 hora depois da ingestão do toxicante e com muito cuidadinho na hora de se administrar os produtos líquidos.

Use sempre a posição fisiológica do animal (como ele fica na hora de tomar água), nada de virar o totó de barriga pra cima e dar mamadeira que nem neném!

Foto: Chinda Sam on Unsplash

b) Procedimentos de emergência em casos de intoxicação sem ingestão

Falei muito de ingestão e “engolição” de produto químico. Mas alguns agentes são extremamente tóxicos quando inalados ou ao ter contato com a pele (inseticidas por exemplo). Neste caso você vai:

  • Tirar o animal do ambiente contaminado
  • Lavar a região afetada com água corrente fria (“porque água fria? Meu totó é fresco e só toma banho de água morna!” A água quente causa dilatação dos vasos sanguíneos, que pode levar a distribuição mais rápida do toxicante no organismo. Água sempre fria! Por este mesmo motivo não fique massageando o animal. Só deixe a água escorrer.) Muito cuidado para não jogar o toxicante em áreas do corpo não afetadas! Em caso de animais muito peludos, pode ser recomendado cortar o pelo da região afetada. Deixar a água corrente por uns 30 minutos
  • Se cair nos olhos, posicionar o animal em decúbito lateral (nossa forma chique de dizer “deitar o cachorro de ladinho”) e lavar só o olho afetado, por 20 a 30 minutos
  • Se a substância for oleosa, utilize sabão neutro ou detergente para quebrar as moléculas de gordura. Sempre neutro!

Parte V: Não provocar vômito se

Algumas substâncias não devem ser expelidas por meio de vômito, pois podem lesar ainda mais a mucosa. Estas substâncias são:

  • Agente corrosivos: soda cáustica e outros agente muito ácidos ou muito alcalinos
  • Derivados de petróleo: querosene, gasolina, produtos a base de benzeno (pesticidas) e tolueno (tintas, vernizes, removedores), álcool e naftalina

Parte VI: Levar o animal ao Hospital Veterinário mais próximo

Ou chamar o veterinário para estabilizar o animal em casa antes de transportar para o hospital, dependendo do estado do intoxicado.

No hospital o animal vai ser estabilizado e, se necessário submetido a uma lavagem gástrica e desintoxicação por meio de fármacos e antídotos. Por isso, é muito importante sabermos direitinho o que intoxicou o animal.

Parte VII: Internar e monitorar

Meu cachorro tomou meio litro de querosene. Levei no hospital e o Dr. Fulano (ah! Ele é ótimo!) deixou no soro, fez lavagem gástrica, deu tal de carvão ativado e em meia hora o Totó tava novinho! Posso levar pra casa?

Não! O animal envenenado deve ficar em observação, pois alguns compostos químicos têm a propriedade sacana de se esconder no tecido adiposo. E depois, quando você menos espera, voltar para a circulação e intoxicar o animal de novo.

Sem choro nem vela, o animal só sai do hospital quando o veterinário mandar. E ponto final!

Foto: Dominik QN on Unsplash

Parte final: prevenir, prevenir e……prevenir!

Como você viu, a abordagem do paciente envenenado não é mel na chupeta, não!

Às vezes, mesmo com toda essa ginástica o paciente não sobrevive (e nem adianta culpar o veterinário!).

O melhor modo de curar uma intoxicação é não deixar que ela aconteça.

Não deixe produtos químicos ao alcance do seu pet, ao fazer a limpeza da casa com produtos químicos, deixe seu amigo bem trancadinho num local seguro e nunca pulverize inseticidas perto dele.

Ter um animal de estimação é como ter um bebê: todo cuidado é pouco!

E lembre-se caso não se sinta seguro em algum procedimento indicado, o melhor é ligar para o seu Médico Veterinário e pedir orientações/ ajuda.

Agora que você já sabe como lidar com uma situação de intoxicação química em cães e gatos, confira 6 Sinais que Seu Cãozinho Precisa ir ao Veterinário.

 

 

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Escrito por Mariana Benitez Fini

Mariana Benitez Fini, veterinária formada pela Universidade Federal de Tocantins. Trabalhou com diagnóstico por imagem de pequenos animais, possui interesse em comportamento e nutrição natural para pets.
Trabalha no serviço de inspeção municipal de Araçoiaba da Serra-SP, escreve para a revista Pulo do Gato, e é proprietária do Blog PetDicas.
Atualmente está procurado se especializar em equinocultura e tem como projeto para o futuro criar um canal no youtube com dicas para pets.

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