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Conheça as principais fases do desenvolvimento canino e como reconhecê-las!
É incrível ver o crescimento e o desenvolvimento de um filhote, embora eu gostaria que o tempo passasse mais devagar, pois eles crescem muito rápido!
De acordo com Jean Piaget, psicólogo e pesquisador do desenvolvimento infantil, toda criança passa por fases de desenvolvimento ligadas ao aprendizado. De forma parecida, os cães também passam por estágios de desenvolvimento comportamental até atingirem a fase adulta. É muito útil conhecer um pouco sobre esses estágios para ensinar melhor e aproveitar bem cada fase da vida do seu filhote!
Lembrando que cada filhote é diferente um do outro, assim um estágio pode durar mais ou menos tempo dependendo do porte do cachorro e nem todos os cães apresentam todas as características abaixo. Além disso, alguns estágios se sobrepõem uns aos outros. Segue um resumo das características de cada um seguido de uma dica:
Estágio pré-natal (antes do nascimento):
Os filhotes podem receber influência da mãe ainda no útero. Se a mãe passou por stress durante a gravidez, por exemplo, seus filhotes podem ser mais reativos, ansiosos ou emotivos.
Estágio neonatal (de 0 a 2 semanas de vida):
Os filhotes dependem completamente da mãe, nascem com olhos e ouvidos fechados, não têm dentes, não conseguem controlar sua temperatura… o que os torna bem vulneráveis e dependentes da mãe para alimentá-los, esquentá-los e limpá-los, além de estimulá-los para eliminação de fezes e xixi. Eles dormem cerca de 90% do tempo e seu sistema imune se desenvolve pela ingestão do leite materno. O primeiro sentido a se desenvolver é o olfato. Dica: muitas vezes as pessoas não têm a exata noção do que é ter filhotes em casa. Muitos querem colocar seus cães para cruzar, mas precisam saber que se a mãe não faz todo esse trabalho descrito acima, que terá de fazê-lo são os tutores, disso depende a vida dos filhotes.
Estágio transacional (de 2 a 4 semanas):
Abrem os olhos, desenvolvem a audição e nascem os primeiros dentes de leite, desenvolvem coordenação motora e começam a se erguer nas 4 patas, aprendem a se comunicar através da vocalização e ganham um pouco de independência, conseguindo já também eliminar fezes e xixi por si mesmos.
Socialização (4 a 12 semanas):
Um dos estágios mais importantes da vida de um cão. É chamada também de janela da socialização, na qual o cão está mais aberto às experiências e a conhecer o mundo ao seu redor. Nessa fase é muito importante apresentar vários estímulos ao filhote de forma gentil para que ele se acostume e não se assuste (habituação com sons, toques, manipulação corporal, ser escovado etc). Acontece também o desmame e a ingestão de outras formas de alimentação, mas não é por isso que o filhote deve ser separado da mãe e dos irmãos. Dica: é importante que o filhote fique com a mãe até pelo menos 60 dias, pois assim aprende comportamentos necessários para a vida adulta (comunicação, brincadeiras, força da mordida). Quando procurar um canil, certifique-se de que eles entreguem os filhotes após 60 dias de vida.
1º período do medo (de 8 a 11 semanas):
Acontece ao mesmo tempo em que o estágio da socialização, os filhotes estão abertos a conhecer o mundo, mas também têm um pouco de medo. Por isso não se deve expor o filhote a situações que possam assustá-lo de forma desnecessária, mas mostrar o mundo ao filhote de forma gentil e progressiva e evitar locais frequentados por cães não vacinados, pois ainda não possui todas as vacinas. Dica: essa socialização com outros cães é muito importante, mas como o filhote não tem todas as vacinas ela só pode ser feita com cães conhecidos (vacinados e vermifugados) e dóceis no próprio ambiente do filhote, outra ideia é sair para passear com o cãozinho no seu colo, assim ele se acostuma com o ambiente, outros sons etc.
Estágio juvenil (de 12 a 16 semanas):
Têm inicio os comportamentos de teste (o cão faz algumas coisas para chamar a atenção do tutor) e o comportamento de morder devido ao início da troca de dentição (esse comportamento pode ser redirecionado a brinquedos próprios para isso). Dicas: já vimos anteriormente que os cães aprendem por associação e que dar broncas não é efetivo para ensiná-los. Sendo assim, é importante mostrar ao cão os comportamentos desejáveis recompensando esses comportamentos. Também é importante dar o máximo de oportunidades para que o cão acerte, um exemplo: xixi no tapete higiênico. Coloque muitos tapetes para que ele tenha mais chances de acertar do que de errar e recompense quando ele acertar (mesmo que fora, mas perto do tapete). Forneça um ambiente estruturado, mas acima de tudo, carinho!
Estágio do instinto voador (de 4 a 8 meses):
O filhote se torna mais independente e tenta fazer as coisas do seu jeito, até mesmo ignorando quando é chamado, é a fase da “rebeldia”. Dicas: também há o aumento de mordidas, o filhote quer pegar as coisas para chamar a atenção e brincar e por isso é importante ter brinquedos próprios para morder e roer. Aqui é muito importante ter o comando “vem” bem treinado e manter o cão sempre na guia durante os passeios para evitar acidentes, justamente por ser uma fase em que o cão quer explorar!
2º período do medo (6 a 14 meses):
Se sobrepõe ao estágio do instinto voador. Os comportamentos de medo se tornam mais preocupantes e os cães mais relutantes em experimentar novos estímulos e podem até mesmo ter medo de estímulos que já conhecem. Nessa fase a Joy começou a ter medo de andar de carro na cidade, algo com que ela estava super acostumada. Dicas: o cão deve ser ajudado e não forçado a enfrentar seus medos. No caso da Joy, eu levava um brinquedo recheado ou algo que ela gostasse muito de roer para dar a ela quando eu percebesse que ela começaria a latir (antes de entrar com o carro na cidade e antes de ela latir, para que ela não associasse a recompensa aos latidos). Também é útil a técnica da dessensibilizarão, que seria acostumar o filhote com o estímulo de forma gradual para que ele perca o medo que ele já apresenta. Lembrando que tudo isso deve ser feito respeitando o cão e sem o uso de força, pois isso pode causar vários traumas! Se você expõe o cão a algo que ele claramente demonstra medo, a única coisa que ele aprende é que não pode confiar em você, você gostaria disso?
Adolescência (de 6 a 18 meses):
Se sobrepõe um pouco ao 2º estágio do medo. É um estágio que pode ser mais curto em raças menores e mais longo em raças maiores. Acontecem mais comportamentos de teste e a maturidade sexual (marcação de território dos machos não castrados e primeiro cio das fêmeas). Dica: alguns cães podem ficar menos amigos de outros e devemos estar atentos às brigas que podem acontecer.
E por fim, após o estágio da adolescência o cão atinge a maturidade social e se torna adulto, geralmente entre 12 meses e 3 anos de idade, dependendo da raça e porte.
O cão aprende a vida toda, mas é importante treinar ensinar e trabalhar a socialização durante essas primeiras fases. Mas se isso não foi possível, não se desespere, um bom adestrador positivo pode te orientar e te ajudar! No perfil do Instagram @indicacaopositiva há vários perfis de adestradores e creches que praticam o adestramento positivo em todo o país.
Qual a importância de conhecer os estágios de desenvolvimento?
É extremamente importante que o tutor tenha consciência desses estágios, pois assim ele pode compreender e respeitar o fato de que cada cão é um indivíduo, que nem todos precisam gostar das mesmas coisas e que nem todos têm as mesmas características. A Joy é bem diferente da Pepper, mas cada uma tem seu jeitinho especial e também suas limitações e isso deve ser respeitado no treino e no dia a dia e além disso, sabendo dos estágios de desenvolvimento, o treino pode ser mais bem direcionado às características e necessidades de cada cão.
Duas ótimas dicas de leitura são os livros
Antes de ter o seu cachorro e Agora que já tem o seu cachorro, ambos de Ian Dunbar, conhecido veterinário, comportamentalista e adestrador. Ou ainda há a resenha dos dois livros no podcast Meu nome não é não disponível no Spotify e no site. Hoje temos muitos recursos para aprender e compreender melhor nossos cães, só depende de nós.
Leia também: Neuroplasticidade e a Importância de Brincar
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