Seu pet ficou paraplégico, e agora? O Meu Pet Especial conta suas próprias experiências sobre paraplegia nos peludos.
Saber que nosso pet tão amado e tão ativo ficará paralítico para o resto da vida é algo muito difícil da gente encarar. Passamos por isso!
Índice
Meu Pet Ficou Paraplégico. E Agora?
O temor sobre o futuro do seu peludinho, recém paraplégico, é normal.
Mas informações nesse momento são essenciais para se evitar decisões precipitadas, no calor das emoções.
Quando meu primeiro cachorro ficou paraplégico há quase dez anos atrás, eu nunca tinha ouvido falar que gato ou cachorro poderiam ficar paraplégicos, e ainda viverem bem com essa condição.
Dos 8 veterinários que eu o levei no início, 7 sugeriram a eutanásia alegando – mesmo sem exames específicos – que a condição dele era irreversível e que ele sofreria para o resto da vida.
O único que não sugeriu isso era neurologista. Foi quando tive o diagnóstico correto: hérnia de disco sem possibilidade cirúrgica.
Contudo, a própria neurologista não me deu nenhuma esperança ou não me disse que ele poderia viver bem paraplégico, nem que existia cadeirinha ou fisioterapia, por exemplo.
Por esse motivo achamos importantíssimo mostrar em nossas redes socais do Meu Pet Especial o dia-a-dia dos nossos pets: não é tão diferente da rotina de qualquer animal considerado normal.
Esse cachorro que citei é o Petit, vivo até hoje e – sim! – mesmo a neurologista jurando de pés juntos que ele não voltaria a andar, ele voltou a andar mesmo que desequilibrado, mas andar.
Mas outra hérnia chegou… e depois a velhice. E agora temos que parar de exigir tanto dele e aceitar sua condição “especial”. Afinal, ele viveu mais como “especial” que como “normal”.
Hoje ele tem 13 anos, mais da metade da vida dele como cachorro especial. Não sabia que peludo paraplégico pode viver tanto quanto peludo normal?
Não sabia que eles não necessariamente sofrem? Não sabia que eles roubam comida da cozinha – como qualquer cachorro normal – e saem correndo pela casa dando “olé” em quem tenta pegá-los?
Sim, cachorros especiais podem ter vidas normais! Apenas um pouquinho diferente.
Mas alguma coisa muda, né?
Claro! Dizer que a vida do pet especial é exatamente igual à vida de um pet dito como “normal” é mentira. E cuidado com a ideia que alguns perfis nas redes sociais passam – mesmo sem querer – que qualquer um pode ter pet especial.
Não, não é. Mas também não é tão difícil quanto a MAIORIA acha. Não, você não vai viver para ser babá de cachorro ou gato paraplégico!
Essa é até uma das 13 coisas que um tutor de pet especial quer que você saiba uma das matérias do nosso site .
Já conheci muito cachorro “normal” de raça que dá infinitamente mais trabalho que os meus 2 paraplégicos e 1 com doença neurodegenerativa!
Então qual é a questão? É realmente o trabalho ou é não querer um animal “imperfeito”?
O que muda irá depender do grau de acometimento da paraplegia do seu pet. Aqui tenho dois paraplégicos.
Ambos usam fraldas pois não controlam suas necessidades, fazem a qualquer hora, em qualquer lugar, o tempo todo. O Petit consegue fazer xixi e cocô sozinho, embora não controle quando o fará.
Já a outra peludinha, Vida, não consegue nem fazer! Faz o tempo inteiro por gotejamento.
Mas a maior quantidade fica na bexiga e ela não tem controle da musculatura da bexiga para esvaziá-la. E então, temos que fazer o esvaziamento mecânico, com as mãos.
Parece coisa do outro mundo? Temos vídeos e matérias tutoriais explicando o processo pois – reconheço – não é fácil ter segurança para fazer, mas depois que consegue, é como calçar sapato, beber água, nada demais!
O não controle da eliminação de urina gera outro problema – e que é a principal causa de morte em animal paraplégico – infecções urinárias.
Fizemos várias matérias sobre o tema, exatamente pela importância dele! Vida, por exemplo, só está viva porque ela é muito teimosa mesmo, porque ela já teve três infecções urinárias gravíssimas, sendo a última multirresistente, sem possibilidade de tratamento.
Eles sofrem?
Eu vou responder essa pergunta. Mas primeiro vou pedir para vocês analisarem uma foto. É a Vida, a cachorra que resgatamos após ser atropelada na nossa frente.
Quebrou a coluna, a bacia e teve traumatismo craniano. Tinha 3 doenças do carrapato. Sofria maus tratos. Estava esquelética. Ficou um mês internada a beira da morte. Essas fotos foram tiradas, algumas, ainda no hospital.
Nós sofremos mais por eles que necessariamente eles. O diagnóstico da paraplegia muitas vezes pode doer mais na gente que neles. A dor deles é física – e vai passar, é importante dizer. A dor da gente é emocional.
Não, eles não sofrem. Pode ocorrer depressão do pet? Pode. É raríssimo, mas rapidamente ele aprenderá a lidar com sua nova condição.
E esse processo será muito mais facilitado com a ajuda e apoio de quem ele mais ama: você. Então, confie em mim, essa fase mais difícil vai passar! E muito mais rápido que você pode imaginar!
Quer dizer que eles não irão ter dor mais? Também não é assim. Mas são dores de sobrecarga dos membros superiores, possíveis sequelas do que causou a paraplegia, feridas de arraste, etc.
Nada que uma compressa de água quente, remédios, fisioterapia, ozonioterapia ou acupuntura não resolvam! São várias as opções.
E quais as adaptações necessárias?
A pergunta que todos me fazem quando vejam meus cachorros se arrastando: “eles não usam cadeirinha?”. Sim, usam. Mas não o dia todo.
Eles mesmos preferem ficar sem cadeirinha. No caso de Petit, ele nunca se adaptou muito bem às cadeirinhas que teve – e eu já tentei vários modelos, de vários fabricantes.
Ou seja, nem todo pet irá se adaptar à cadeirinha. Gatos, por exemplo, costumam não se adaptar. Mas tem que tentar, claro!
Vida no começo morria de medo da cadeirinha, ela ficava paralisada quando colocávamos no carrinho. Com o tempo ela descobriu que com a cadeirinha poderia andar na rua, correr, ir mais longe, ser independente. E hoje, basta eu pegar a cadeirinha que ela fica eufórica achando que vai sair.
Outras adaptações são necessárias, sim. Não posso negar. O pet irá se arrastar pela casa. Por mais que se adapte à cadeirinha, eles preferem ficar sem em casa, pois ficam mais livres para movimentar, deitar, se virar, se torcer, coisas que qualquer pet faz!
Então, como ele irá se arrastar, não poderá fazê-lo em superfícies ásperas ou fará feridas em carne viva com poucos metros andados: são as feridas de arraste.
Mas o ideal é que o pet fique restrito a pisos lisos. Não tão lisos que dificultem o andar e que eles possam escorregar, mas não pode ser áspero como cimento.
Outro ponto que deve ser avaliado: degraus. Pets paraplégicos, mesmo que façam esforço e consigam subir ou descer o degrau da sua casa para o jardim, não o devem fazer! Isso sobrecarrega as patas da frente na subida ou podem machucar a coluna na descida.
O ideal é que se façam rampas de acesso. Podem ser compradas, encomendadas ou você mesmo pode fazer com madeira. Quanto menor a angulação da rampa, mais confortável será para o peludo andar por ela.
Mas eles são doentes! Não tem medo do pior acontecer?
Antes de tudo: eles não são doentes. Paraplegia não é doença, é condição. O importante é como se vive a vida, né? Nós vivemos muito bem.
Não escolhi ter pets especiais. Mas escolheria mil vezes de novo os meus cachorros especiais. Dizem que eu salvei a vida deles, pois os meus 3 especiais foram abandonados e eu resgatei (ou fui obrigada pelas circunstâncias a resgatar).
Dizem que por essas boas ações eu deveria ser abençoada. Na verdade eu sou. Sou abençoada todos os dias com esses três animais especiais. Especiais não pelas deficiências.
Especiais porque me ensinam todos os dias o quanto eles amam viver, mesmo com o que nós consideramos deficiências. Desculpa, mas se vocês os consideram deficientes, eles não se consideram.
Vocês tem um peludinho paraplégico? Conta pra gente nos comentários outras dicas de cuidados! <3