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Eutanásia, minha experiência

Letícia conta sobre sua experiência em relação a eutanásia.

Quem acompanha meu instagram @adoteiumpet, sabe que tinha uma linda cachorrinha chamada Beatriz, que eu carinhosamente chamava de Bibia.

@adoteiumpet

Ela foi resgatada com sua irmã Maria Luiza, que veio a falecer no meio do ano passado, por um problema intestinal.

O que foi uma surpresa, pois ela era saudável, e a irmã Bibia, sempre foi doentinha.

Quando foram resgatadas, a Beatriz apresentou um quadro de toxoplasmose, que demorou a ser diagnosticado, por conta dos sintomas, ela teve lesão neurológica pela doença, e foi perdendo os movimentos.

Acabou mexendo só o pescoço quando descobrimos o que era.

Sua chance de sobrevivência era baixíssima, mas ela não só sobreviveu, como recuperou a maioria de suas funções.

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Fazia suas necessidades sozinha, recuperou a força no tronco e nas patinhas da frente, voltou com a sensibilidade das patas traseiras, do rabinho.

Ela não conseguia andar, mas estava progredindo para isso.

Em 8 meses após sua doença ela progrediu muito, e eu continuava nos esforços de ver ela andar.

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Ela era a alegria da casa, cheia de vida, queria ser incluída em tudo, dormia comigo com sua fraldinha, pois fazia xixi.

Era comilona, comia a sua comida e a dos outros.

Brincalhona, a motivação para tentar andar era nosso cachorro Tigrão, ela amava perseguir ele, e dar umas mordidas no seu rabinho.

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Em novembro, percebi alguns sintomas na Bibia, ela perdeu um pouco de força, sensibilidade, respiração alterou, corpinho tombou para a esquerda.

Foi diagnosticado que ela teve um AVC, não se sabe porquê.

Foram feitos exames, no interior o recurso é escasso, tem que mandar tudo para fora.

Ela estava tomando uns 5 remédios diferentes, uns 10 dias após começar esse tratamento para evitar sequelas e mais lesões.

@adoteiumpet

Eu senti a Beatriz piorando, um olhar vazio, distante, ela não se alimentava mais direito, não tinha mais forças para se mexer muito, parece que tudo incomodava.

Não conseguia fazer as necessidades sozinha.

Dai na noite de terça feira dia 17 de dezembro, ela teve febre, pensei ser infecção urinária que ela já teve.

De noite ela também começou com gemidos e uivos.

Na quarta de manhã dia 18, levei ela no veterinário para ele me ajudar e passar algum medicamento.

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Notei então seu olhinho mexendo.

Sabia que não era bom sinal, esse sintoma é de lesão neurológica grave.

Mostrei para o veterinário, ele fez um exame detalhado nela e me informou que ela tinha perdido as funções mesmo de bexiga, etc.

Mas que sua febre era de dor, e ela estava com sintomas de dor profunda.

Ele percebeu que a lesão tinha chegado à uma parte que não era possível reverter.

E ai ele me falou, ela está sofrendo, não há o que a gente fazer para ela melhorar, e isso vai contra à vida. Nessa hora ouvindo isso eu perdi o chão, mas eu sabia o que tinha que fazer.

Já via seu olhar sem vida, aguentando parece que para eu te por perto mais um pouco.

Não querendo me fazer sofrer. E eu decidi que a eutanásia, era o melhor a fazer por ela.

Não queria ver a Bibia com dor, por egoísmo de não querer perder ela. Perguntei se era possível fazer naquele momento. Me mantive calma, por ela.

Pedi para ela ser colocada no meu colo, não queria ela em uma mesa, queria ela envolvida nos meus braços, e se sentindo segura.

A medida que o procedimento acontecia, fui conversando com ela, dizendo como ela era amada.

Pedindo perdão por minhas falhas, e dizendo que ela podia descansar, que eu ficaria bem, que ela se encontraria com seus irmãozinhos aqui de casa, que brincaria sem dor no céu dos cachorros.

Fazia carinho no seu rostinho, e como um passarinho ela se foi, tranquila.

@adoteiumpet

E nesse momento eu desabei, chorei bastante, mas em nenhum momento me senti culpada.

Eu tinha feito tudo, quantas noites em claro passei com ela.

Gastei o que podia e o que não podia em remédios, tratamentos, fazendo andadores, etc.

Eu não me importava a luta ser difícil, não me importava dela ser deficiente.

Eu apenas me importava com a qualidade de vida dela.

Que ela fosse feliz e não sofresse.

E eu finalmente entendi o papel da eutanásia, eu tinha preconceito, e até julgava um pouco quem fazia isso.

Eu acredito que esse processo é sim muitas vezes banalizado, por donos que adquirem um cachorro e depois não querer ter trabalho ou gastos.

Que tem centros de zoonoses, que praticam a eutanásia para se livrar da superpopulação.

Nesse ponto eu sou totalmente contra.

Mas dessa maneira que aconteceu comigo e acontece com tantas pessoas, em que não há solução e apenas sofrimento, eu considero um ato de amor.

Uma decisão difícil, que deve ser conversada, estudada, mas que tira a dor de um animal, que evita que ele agonize, quando seu problema não tem cura.

Pode ser considerado um gesto de amor. E no meu caso foi assim, essa foi à minha experiência.

A decisão mais difícil da minha vida, que hoje compartilho com vocês.

Escrito por Adotei Um Pet

Letícia Lara, protetora, há mais de 12 anos resgatando e reabilitando animais em situação de vulnerabilidade.
Mãe de pet, que compartilha sua rotina e os cuidados com seus animais no perfil @adoteiumpet.

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