São muitos os tipos de preconceito que os cães podem enfrentar. O foco deste post é o relacionado a raças. Mas antes de entrarmos no tema vamos fazer um exercício:
Feche os olhos e visualize em um cão bravo, com a postura de ataque, rosnando e com os dentes à mostra. Quais as características desse cão que você imaginou?
Provavelmente você visualizou um cão de médio ou grande porte, possivelmente um cão de guarda. Se estas não foram as características que vieram à sua mente você já deve ter desmistificado essa questão. Se você pensou em um cão com a tipologia acima mencionada não se culpe, somos frequentemente condicionados a fazer essas associações. Mas sempre é tempo de aprender para evitar generalizações sobre raças.
Eu sou a Gabi, tenho uma chow chow chamada Tahani (vai conhecer ela lá no Instagram @tahani_chowchow) e apenas com a chegada dela na minha vida comecei a perceber o quão grande e injusto é o preconceito contra raças. Vem comigo para falarmos um pouco sobre isso.
Índice
Por que existe preconceito contra raças de cachorro?
O principal fator que contribui para o preconceito é a falta de informação. Além disso, as mídias muitas vezes não se aprofundam ou conscientizam sobre os reais motivos dos ataques de cachorro.
Quando os vídeos de ataque viralizam na internet e nas mídias de um modo geral o assunto é tratado rasamente, contribuindo para o enraizamento do preconceito contra raças na sociedade, bem como para sua ampliação.
Quando um poodle ataca uma pessoa é uma situação completamente diferente de quando um rottweiler ou um pastor alemão atacam. Evidentemente que o estrago feito pelos cachorros maiores será proporcionalmente maior, e assim ganham também maior proporção na mídia. A impressão que fica é a de que apenas essas tipologias caninas têm o potencial para atacar.
Para intensificar ainda mais esta realidade de preconceito, infelizmente muitos profissionais das áreas de cuidados com animais têm certos posicionamentos que disseminam informações baseadas em generalizações.
Veterinários, petshops, adestradores, hospedagem e creche para cães, além de instituições de resgate a animais não estão imunes à propagação do preconceito contra raças. Ao contrário, muitos desses profissionais podem reforçar a relação entre cachorro bravo e raça e muitas vezes não aceitam atender esses cães, isso sem mesmo conhecê-los.
Tendo uma chow chow pude ver o quanto é difícil encontrar um profissional que saiba compreender a individualidade do cão, com paciência e respeito. Tive que pesquisar muito para encontrar um veterinário disposto a se aproximar com calma, sem medo e com respeito, sem forçar nada. O mesmo ocorreu com adestradores. Muitos me encheram de medo, inclusive!
Dentre as raças mais discriminadas pode-se mencionar principalmente os pitbulls, rottweilers e chow chows. Estas também são as raças que mais sofrem por abandono e maus tratos no Brasil. Intensificar o preconceito apenas contribui para o aumento dessas taxas.
Quando a defesa é o ataque
O ataque geralmente é interpretado como agressividade. Entretanto, na maioria das vezes o que ocorre é a reatividade. A agressividade é uma patologia e se relaciona com fatores genéticos, enquanto a reatividade é uma reação do cão a uma situação que o está incomodando.
Assim, cães com um gene agressivo, se procriados, repassarão esta característica para as futuras gerações. Por isso é importante saber a linhagem do cão, o temperamento e comportamento pelo menos das 3 gerações anteriores para identificar a existência ou não da tendência agressiva. Canis responsáveis têm estas informações e não fazem a cruza de cães com características agressivas.
Da mesma forma, criadores irresponsáveis podem, propositalmente, cruzar animais com estas características para gerar cães de rinha. E ao longo das vidas desses cães, incitá-los ao comportamento de briga. Ainda que seja uma atividade proibida no Brasil, infelizmente ainda existem incidências dessas lutas de forma clandestina não só com cães, mas com outras espécies também.
O fato de um cão atacar, então, não quer dizer que ele ou a raça seja agressiva ou brava. Cães considerados dóceis como goldens ou poodles podem ser extremamente reativos, bem como agressivos caso apresentem esta patologia geneticamente determinada. Podemos afirmar, então, que quem vê fuça não vê coração.
Respeito e responsabilidade: a chave para uma boa experiência com seu melhor amigo
Tutores responsáveis e comprometidos com as necessidades do animal fazem toda a diferença no processo de criação e educação. Comportamentos de reatividade devem ser corrigidos desde seus primeiros indícios com adestramento positivo. A agressividade demanda cuidados e acompanhamento médico.
O cão nunca deve ser exposto a situações às quais ele tenha medo ou que o estresse. Isso apenas vai intensificar as reações dele a essas situações. É preciso que seja feito um treino de dessensibilização para que ele entenda que está tudo bem, que não precisa reagir nessas situações.
Ter um cão implica em dedicação e paciência, bem como compreensão. Entenda o temperamento do seu cão e o respeite. Eduque para modificar comportamentos ruins. Evite qualquer atitude que ultrapasse os limites do cão.
É importante ressaltar que quem determina esses limites entre o tolerável e o insuportável é o cão! Veja esses 2 exemplos:
- Para nós humanos algumas atitudes, como um abraço, são normais e nós nos sentimos bem ao fazer isso. Mas este é um comportamento totalmente desconhecido para o cão. Um abraço pode ser interpretado como tentativa de dominância e não carinho.
- Outro exemplo corriqueiro é o sorriso! Quando vemos um cão que pode estar assustado e coagido e tentamos acalmá-lo conversando e sorrindo para eles. Pois bem, ao sorrir você mostra os dentes para o animal, mas para ele mostrar os dentes não é algo acolhedor, certo? Então atitudes naturais para nós podem ser muito incômodas para nossos amigos peludos.
Não compre ou adote um cão apenas porque ele é fofo. Convenhamos, todo filhote é fofo. Filhotes crescem, demandam atenção, ficam doentes e envelhecem. Entre nessa jornada apenas se estiver disposto a vivenciá-la completamente, com todos os ônus e bônus. Chow chows são muito fofos, parecem ursinhos e muitas vezes são adquiridos por isso.
Mas ao primeiro sinal de teimosia ou mal comportamento muitos tutores abandonam ou doam, pois teriam que dedicar tempo e dinheiro para educar. Isso é ser irresponsável, afinal estamos falando de vidas e sentimentos. Pesquise, planeje e se organize, para que esta experiência seja incrível para você e seu cão.
Ter um pet é ser responsável por uma vida e se comprometer a cuidar, amar, perdoar erros, educar para não se repetir e oferecer qualidade de vida, diversão e segurança a ele. Um pet com o tempo ocupado, recursos para gastar energia física e cognitiva (como as possibilidades que o BOX.Petiko oferece), e dedicação humana em sua educação e socialização, tem a chance de crescer sem traumas e reatividade, sendo aquele peludo puro amor que todos nós sonhamos!
Para saber mais dicas sobre como escolher a melhor raça de cachorro para você, VEJA ESSE POST!
Como acabar com o preconceito contra raças?
A luta para o fim do preconceito contra raças é diária. Quem tem cães considerados bravos sabe disso. Diariamente surgem posts, vídeos ou notícias reforçando esse preconceito. Sem contar as ofensas na rua, os atendimentos negados por telefone, sem nunca ter visto o animal, pois o julgamento vem na frente.
Criei um Instagram pra Tahani como uma forma de tentar ajudar nessa luta, mostrando o dia-a-dia e as características dela. Muitos perfis nas redes sociais têm este objetivo, já que o alcance é bastante amplo. Então a principal ferramenta para combater esta forma de preconceito é a informação.
Espero que este post possa disseminar essa informação de apelo ao combate ao preconceito contra raças. Os Ursinhos Chow Chow contaram 7 mitos e verdades sobre os chow chows nesse post. Valeu, Ursinhos! Aqui no blog também tem esse post que fala sobre 7 estereótipos sobre raças de cachorros, como dogue alemão, poodle e pit bull. Confiram!
Entenda a individualidade dos cães. Assim como nenhum humano é igual ao outro, independente da origem, gênero ou raça, o mesmo ocorre com os cães. Uma raça não determina o temperamento do cão. Não vamos generalizar nem rotular.
Você já vivenciou situações de preconceito com seu cão? Compartilha aqui com a gente! Estamos juntos nessa!