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6 Remédios Tóxicos para Gatos

Dra. Laila, especialista em medicina para gatos, alerta sobre alguns remédios tóxicos para gatos e faz recomendações importantes caso isso ocorra.

Dra. Laila, especialista em medicina para gatos, alerta sobre 6 remédios tóxicos para gatos

Quem já lê meus artigos há algum tempo ou acompanha o Portal Medicina Felina sabe que não é permitida prescrição de medicamentos pela internet e, portanto você nunca encontra nenhum nome de medicamento para tratar as doenças descritas aqui.

Apesar dos esforços ainda é muito comum a “auto” medicação para os gatos, ou seja, o proprietário acaba por medicar seu gato sem a prescrição de um veterinário.

Sabemos que ninguém faz isso de má fé. Muitas vezes não há condições financeiras ou geográficas de levar o gato ao veterinário e, na tentativa de resolver o problema, o dono do gato pode cometer um erro grave.

6 Remédios Tóxicos para Gatos

Mas porque os gatos são tão sensíveis a certos medicamentos?

Os gatos possuem um metabolismo muito peculiar. Seu fígado é diferente do homem e dos cães e por isso alguns fármacos (medicamentos) demoram muito mais tempo para serem metabolizados pelo fígado.

Isso significa que ele fica circulando pelo corpinho do gato por mais tempo antes de ser totalmente eliminado.

Esse tempo elevado na circulação pode acarretar danos no próprio fígado e em outros órgãos ou sistema.

Outra peculiaridade nos gatos é quanto às suas hemácias (glóbulos vermelhos) que são mais suscetíveis à oxidação da hemoglobina quando comparada com hemácias do homem e do cão.

A hemoglobina é uma proteína da hemácia que contém ferro e ajuda no transporte de oxigênio aos tecidos.

A oxidação da hemoglobina é um processo natural em até certo ponto, mas em excesso pode levar à deficiência no transporte de oxigênio para os tecidos, causando o que chamamos de hipóxia e morte das hemácias (hemólise).

Alguns medicamentos causam essa oxidação em excesso e pode levar o gato a óbito rapidamente por hipóxia e hemólise. Sua língua e mucosas ficam arroxeadas e a respiração ofegante.

Essas são as principais peculiaridades que podem levar um gato a um quadro de intoxicação medicamentosa.

Vamos listar então alguns medicamentos de uso humano ou canino que podem ser tóxicos para gatos dependendo da dose e alguns que devem ser evitados em qualquer dose.

PARACETAMOL

Nomes comerciais comuns

Tylenol, Naldecon, Sonridor, Cimegripe e Vick Pyrena

Para que serve?

Analgésico e antitérmico de uso humano

O que causa nos gatos?

Oxidação de hemoglobina, hemorragia por hemólise e insuficiência hepática

Sintomas da intoxicação

Vômitos, língua e mucosas arroxeadas ou acastanhadas, dificuldade respiratória, salivação em excesso, urina acastanhada, edema em face e membros, choque e morte

Existe dose segura?

Não, qualquer dose é capaz de prejudicar o gato e até levar a óbito

 

IBUPROFENO

Nomes comerciais comuns

Alivium, Advil e Buscofen

Para que serve?

Anti-inflamatório, antitérmMas porque os gatos são tão sensíveis a certos medicamentos?ico e analgésico de uso humano

O que causa nos gatos?

Hemorragia gastro-intestinal, insuficiência renal e hepática e alterações no sistema nervoso central

Sintomas da intoxicação

Anorexia, vômitos, diarreia, sangue nas fezes, poliúria (muita urina), polidipsia (bebe muita água), ataxia, convulsão, coma e morte

Existe dose segura?

Não existem estudos que comprovem uma dose mínima segura para gatos

 

 ÁCIDO ACETILSALICÍLICO

Nomes comerciais comuns

AAS, Aspirina e, Coristina D

Para que serve?

Anti-inflamatório, antitérmico e analgésico de uso humano

O que causa nos gatos?

Hemorragia, insuficiência hepática e acidose metabólica – diminuição do pH do sangue

Sintomas da intoxicação

Febre, respiração acelerada, vômitos, diarreia, sangue nas fezes, convulsões, coma e morte

Existe dose segura?

Sim, gatos podem tomar uma dose entre 10 e 20 mg/kg, mas somente a cada 48 horas

 

FENAZOPIRIDINA

Nomes comerciais comuns

Pyridium

Para que serve?

Usado por humanos como analgésico em infecções do trato urinário – cistites

O que causa nos gatos?

Oxidação de hemoglobina, hemorragia por hemólise e insuficiência hepática

Sintomas da intoxicação

Vômitos, mucosas amareladas, arroxeadas ou acastanhadas, dificuldade respiratórias, salivação em excesso, urina acastanhada, choque e morte

Existe dose segura?

Alguns estudos dizem que doses abaixo de 10 mg/kg por dia não causam sintomas, mas causam sim um princípio de oxidação de hemoglobina, por isso é melhor evitar

 

BENZOATO DE BENZILA

Nomes comerciais comuns

Acarsan (uso humano) e Matacura sabonete (uso em cães)

Para que serve?

Usado para tratamento tópico de sarna, piolhos e pulgas em humanos e cães

O que causa nos gatos?

Alteração do sistema nervoso central

Sintomas da intoxicação

Vômitos, diarreia, incoordenação, tremores, ataxia, convulsão, coma e morte. Quando ingerido acidentalmente os sintomas são mais graves

Existe dose segura?

Não, produtos com essa formulação devem ser evitadas nos gatos

 Observação

A Deltametrina causa sintomas de intoxicação semelhante, por isso deve ser evitada em gatos também. Coleira para cães Scalibor e sarnicida Escabin de uso humano contém deltametrina

 

PERMETRINA

Nomes comerciais comuns

Advantage Max III, Garma IGR, Defendog e Pulvex

Para que serve?

Usado no tratamento tópico contra pulgas e carrapatos em cães

O que causa nos gatos?

Alterações no sistema nervoso central e periférico

Sintomas da intoxicação

Tremores musculares, ataxia, salivação intensa, dilatação de pupilas e convulsões. Também quando ingerido os sintomas são piores e mais rápidos

Existe dose segura?

Não, por conta disso os medicamentos com permetrina são indicados apenas para cães

O que não deve ser feito

Caso você tenha administrado algum desses medicamentos, seja por via oral, seja por via tópica, ou em caso de superdosagem nunca é tarde para tentar reverter o problema.

Mas é preciso saber que a melhor maneira de salvar a vida do seu gato é levá-lo imediatamente ao veterinário.

Induzir o vômito é um processo o qual somente um veterinário treinado deve fazer e sempre dentro de uma clínica ou hospital.

Fazer isso em casa pode causar aspiração do vômito e consequentemente pneumonia.

Além disso, existe um limite máximo de tempo que se deve induzir vômitos após ingestão de medicamento tóxico.

Administrar qualquer outra coisa por via oral após ingestão de um desses medicamentos, como o leite por exemplo, também é extremante contra-indicado, pois o leite não só não tem qualquer efeito antídoto como pode aumentar a absorção intestinal de alguns fármacos e piorar os sintomas de intoxicação.

Em caso de intoxicação pela pele (via tópica) é recomendado que o gato seja lavado com sabão e água fria, mas também isso deve ser feito na clínica ou hospital, pois o tempo perdido em dar um banho em casa pode ser suficiente para levar o gato a óbito.

Além disso, o veterinário pode tratar o gato com antídotos ou paliativamente enquanto ele toma banho na clínica.

Tratamento ideal

Infelizmente nem todo medicamento possui antídoto específico, mas em ambiente hospitalar ou em clínica veterinária o gato receberá todo suporte necessário para o tratamento da intoxicação.

Além de indução de vômito e banhos, o tratamento paliativo com fluidoterapia e medicamentos para reverter o quadro são muito importantes.

Algumas vezes é possível fazer lavagem gástrica, mas também dentro de um limite máximo de tempo.

Essas informações não devem ser interpretadas como forma de diagnóstico.

Nunca medique seu gato sem prescrição veterinária. Esta matéria não tem intenção de criticar qualquer empresa farmacológica ou seus produtos e sim direcionar o uso adequado dos medicamentos para cada espécie.

Quer discutir mais sobre o assunto? Entre no FÓRUM de discussões do Portal ou deixe um comententário aqui no Petiko.

Dra. Laila Massad Ribas

 

 

Escrito por Laila Massad Ribas

Dra. Laila Massad Ribas é especializada em Medicina Felina e autora do Portal Medicina Felina (portalmedicinafelina.com.br) que traz informações sobre saúde, curiosidades, cuidados e comportamento dos gatos. É formada em medicina veterinária pela Universidade Paulista e fez Mestrado e Doutorado na Universidade de São Paulo.

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