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Excitação emocional em cães: como resolver?

Pulos e latidos excessivos são apenas alguns dos sinais de que seu cãozinho sofre de excitação emocional. Saiba mais sobre o assunto, no conteúdo a seguir!

Os sintomas de excitação emocional em cães são pouco trabalhados e muitas vezes vistos pelos tutores como apenas alegria ou felicidade. É claro que todos querem cães alegres, mas é preciso ter muito cuidado com a famosa excitação que, quando não trabalhada, pode chegar a atrapalhar a convivência doméstica e social.

Vamos entender melhor como a excitação se manifesta de forma natural, como e quando sai do limite.

O que é a excitação emocional em cães?

Num convívio natural de matilha a excitação dos cães é muito controlada, já que a sobrevivência da espécie depende da interação e dinâmica da matilha. No contexto doméstico, a família normalmente, mesmo que involuntariamente, nutre a excitação dos filhotes, sempre falando com eles, pegando no colo e criando brincadeiras e interações que fazem o cão se agitar.

Excitação gera caos, descontrole e tumulto, e tudo parece muito divertido quando o cão é filhote, mas após alguns meses, esse comportamento pode se tornar inconveniente e intolerável, principalmente para outros cães.

Pular em pessoas pode ser uma característica de comportamento facilmente desconsiderada pelas famílias, já que muitas vezes é vista como expressão de alegria e pura animação. Na verdade, para lidar com esse problema, é preciso que o tutor, antes de qualquer coisa, reconheça que isso é um problema e queira encontrar uma solução.

Sinais de excitação emocional em cachorros

Foto: Canva

Não é natural para os cães pular em outros cães quando querem cumprimentá-los ou saber mais sobre eles. No mundo canino, isso pode ser visto como um comportamento invasivo e desrespeitoso, sujeito a correções graves por parte de outros cães.

Cães que têm esse hábito, normalmente, nunca foram devidamente corrigidos e nunca tiveram a devida orientação de como lidar com pessoas no momento que as conhecem. Nesse contexto, pessoas estranhas que se aproximam desse cão com muita excitação tendem a nutrir ainda mais esse comportamento, dando bastante carinho e usando muito a voz no momento que o cão pula. É claro que isso só contribui para que o problema se agrave ainda mais.

Cães que pulam em pessoas podem gerar desconforto no convívio doméstico e principalmente no social.

Um cão educado deve saber respeitar não apenas seu dono, mas pessoas em geral, e pular é um comportamento que pode ser perigoso em pessoas idosas, crianças, mulheres grávidas, pessoas com problemas articulares e ortopédicos, etc.

Não seríamos bons e respeitáveis membros de nossas comunidades se não soubéssemos como lidar com o outro de maneira educada, e nossos cães, que também fazem parte de nossa comunidade, devem seguir as mesmas regras.

Para isso precisamos ser a fonte de orientação e educação para guiá-los no caminho das boas maneiras.

Foto: Canva

Outro sinal de excitação emocional é a frequência excessiva dos latidos.

É completamente normal um cão latir e esta é uma das formas mais importantes de comunicação, depois da linguagem corporal e facial. Os cães latem principalmente como uma forma de aviso para proteger seu bando e seu território, e também como forma de manifestar sua empolgação/agitação.

Estas formas de latido não devem ser um incômodo e durar muito tempo. E é por isso que os latidos quase sempre têm a mesma causa e solução. Quando um cão late excessivamente, ele só está dizendo que está entediado e que precisa de alguma coisa para fazer ou de um desafio.

Inevitavelmente, latidos excessivos indicam que existe um problema… com o humano, e não com o cão. Eles sentem que o bando não está em equilíbrio, portanto as necessidades do cão não estão sendo atendidas. O latido é a única maneira que o cão tem para te avisar que alguma coisa está errada.

Um cão latindo significa que ele precisa de exercício, disciplina e, em seguida, afeto. Exatamente nesta ordem. Exercício e disciplina irão proporcionar o estado físico e psicológico que o cão realmente precisa. Afeto irá reforçar este estado mental que nós queremos, mas somente pode ser feito quando o cão está em um estado calmo e submisso. Do contrário, só se estará recompensando um comportamento não desejável.

Com certeza todo mundo já viu alguma vez um cão agitado ganhar o colo do tutor enquanto late sem parar. Infelizmente, esta é exatamente a pior abordagem que pode ser feita. A atenção e o carinho de ser pego, diz ao cão: “Eu gosto do que está fazendo agora, continue assim”.

Este tipo de reforço, repetido algumas vezes, só afirma ao cão que o latido é realmente o que o tutor quer.

Além dos pulos e dos latidos excessivos, outro sinal muito comum de excitação emocional é quando o cão se torna obcecado por algo. Pode ser qualquer coisa, desde um brinquedo até outro animal, mas isso não é natural nem bom para o cão.

Foto: Canva

Uma fixação é energia desperdiçada. O cão precisa canalizar sua energia para algo para conseguir ser equilibrado, calmo e submisso.

Muitos tutores acham que quando o cão persegue incansavelmente uma pomba ou um gato (mesmo sem nunca ter conseguido pegá-los), ele ficará satisfeito com essa “brincadeira”. Mas toda a sua energia se concentra no alvo e essa é uma das maneiras de criar uma fixação. Outra maneira é permitir que o cão simplesmente fique sentado observando obsessivamente outro animal.

Ter uma fixação não é normal para um cão, pois mesmo que o cão não rosne ou ataque, a obsessão é grave, pois pode evoluir e fazer o animal entrar na zona de alerta.

Um cão na zona de alerta não ouve os comandos, mesmo que o tutor grite ou o segure. Estar na zona de alerta significa a possibilidade de matar (outro animal ou uma pessoa) e não tem a ver com dominância ou territorialidade.

Os cães na zona de alerta precisam saber que o líder está no controle. Isso não significa que devemos ser agressivos com eles. O castigo não cura a agressividade – geralmente, no caso de cães na zona de alerta, acaba aumentando-a.

Um caso de zona de alerta nunca é algo que acontece da noite para o dia. Por isso, como responsável pelo animal, o líder deve ser forte e assertivo, e deve corrigir regularmente comportamentos indesejados e perigosos. Mais uma vez, os cães precisam conhecer o poder do líder e enxergá-lo como tal.

Razões que desencadeiam a excitação excessiva

Foto: Canva

1 – Falta de estrutura na rotina doméstica

O cão não tem regras ou limites em casa, e mesmo quando fica confinado em algum cômodo ou quintal, não é feita a associação e o condicionamento correto para que ele fique no lugar designado num estado calmo. Quando é solto, ele está num grau extremo de excitação, sai correndo pela casa e tem dificuldade em relaxar.

2 – Falta de engajamento com pessoas no dia a dia

Cães que não fazem parte da rotina de pessoas, normalmente enxergam pessoas apenas como fonte de excitação. Claro que nem todos têm disponibilidade de estar com seus cães o dia todo, porém, o tempo disponível deve ser trabalhado para criar novas associações de convívio com o cão, com muita calma, sem excitação, o orientando a como lidar com a presença de pessoas.

3 – Caminhadas não estruturadas

Cães que estão acostumados a andar na frente dos donos, puxando na guia e explorando o mundo de maneira excitada e desgovernada tendem a ver pessoas na rua e imediatamente pular e latir excessivamente. Isso é apenas mais um sintoma da falta de autocontrole do cão, mostrando que ele precisa de orientação e educação adequada.

4 – Falta de condicionamento quanto à aproximação de pessoas agitadas

Pessoas que amam cães estão por todo o lado e, quando os tutores estão com seus cães na rua ou em outros lugares, é muito comum serem abordados por pessoas que olham, falam, chamam e excitam nossos cães. Como não é possível controlar o mundo, é responsabilidade do tutor condicionar e orientar o cão a como lidar com essa energia sem perder o controle.

Vale lembrar que cães excitados são aqueles que desencadeiam brigas em parques e encontros desastrosos em pet shops e outros ambientes sociais.

Outros cães, mais equilibrados e principalmente os mais experientes, não toleram esse comportamento e vão corrigir o cão da maneira que acharem necessário. Excitação é um comportamento antissocial, e por isso, sem o devido treinamento e condicionamento, o cão pode facilmente se tornar a vítima de um ataque, no qual a causa será o seu próprio comportamento.

Lidar com esses problemas exige muita energia, persistência e paciência. É preciso reavaliar a relação que temos com esse cão, e onde estão os pontos de desequilíbrio.

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Escrito por Piero Giuntoli

Apaixonado por cães desde pequeno, o adestrador e especialista em comportamento canino Piero Giuntoli é formado em Publicidade e trabalhou durante sete anos no setor de entretenimento e produção audiovisual.

Em 2014, após decidir mudar de área e se especializar em psicologia canina, criou a FitDog Adestramento & Consultoria Comportamental com o objetivo de melhorar a convivência entre famílias e cães, com qualidade de vida e reduzindo assim a possibilidade de rejeição e de abandono.

Site: fitdog.com.br

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