Durante muito tempo, ouvimos o mito de que cães e gatos seriam inimigos eternos. Porém, na prática, não é bem assim. Todos os dias na Internet vemos várias fotos e vídeos de cães e gatos se comportando como verdadeiros amigos ou apenas dividindo o mesmo ambiente, mas sem nenhum stress.
Na natureza, cães e gatos não são inimigos naturais, ou melhor, predador e presa. A grande questão é que quando assustado, o gato acaba se esquivando e correndo, o que instiga o instinto de caça no cão.
Pronto! Relação estremecida, o gato passa a se esconder e o cão muitas vezes está apenas curioso com relação ao gato e não demonstrando sinais de agressividade, mas essa não é a interpretação do gato.
Índice
Confira agora como fazer a relação entre cão e gato dar certo!
Quero então trazer para vocês cinco passos práticos que podem contribuir para o sucesso desse convívio!
Todas as vezes que tomamos a decisão de aumentar a nossa família multiespécie, seja adotando um cãozinho ou um gatinho, é interessante conversarmos com todos os moradores da nossa casa.
Quem pode ajudar no processo? Quem é a pessoa com mais tempo para observar e acompanhar os animais? Dessa forma, tudo fica mais leve e todos acabam contribuindo positivamente de alguma forma para a adaptação do novo membro. Vamos lá?
Passo 1:
Antes de trazer o novo animalzinho para casa, seja ele um cachorrinho ou gatinho, vamos pensar em todo o espaço disponível que temos: um cômodo para alguns dias de quarentena do gato ou um cantinho para o cão.
Importante delimitarmos o espaço que será usado por ele no início para não causarmos confusão na cabecinha do animal. Muitos tutores acabam mudando o animal de lugar por várias vezes logo nos primeiros dias, o que acaba atrapalhando a questão de identificação de locais de alimentação e banheiro.
Caso o bichinho a ser adotado for um gato, sugiro ir abrindo a casa para ele aos poucos e não logo no primeiro dia.
Passo 2:
Quem está primeiro na casa, o cão ou o gato? Caso o cão já esteja na casa, vamos avaliar o ambiente e seu temperamento: é um cão de quintal, de apartamento ou tem acesso às duas áreas (interna e externa)? Como é o temperamento dele? É dócil com outros animais? Tem histórico de perseguir os gatos no muro? Nesse caso, talvez não seja uma boa ideia apresentá-los, não é mesmo? A família já teve a oportunidade de observá-lo perto de outros animais? É um cão jovem, com bastante energia ou é idoso? É um animal ansioso?
No meu dia a dia de trabalho tenho identificado muitos cães ociosos, o que é um agravante para a nossa adaptação, já que um cão com energia para gastar tende a ser ansioso, vocalizar mais e querer perseguir o gato todo o tempo, já que ele não tem nenhuma atividade que o entretenha e agora tem uma novidade para interagir e brincar (o gato).
Então, o que fazer?
O segredo é: ter um cão equilibrado!
Passeios diários, implantação de comedouros lentos ou tabuleiros interativos para petiscos, brincadeiras, matriculá-lo em um day care, contratar um profissional de passeio (dog walker).
Todas essas ações contribuem para baixar a ansiedade, mas principalmente o nível de energia do cão. Com um cão mais calmo, o gato se sente mais seguro para explorar o ambiente sem ser perseguido. No início, podemos conter o cão em uma guia para que o gato possa conhecer o novo território, sempre oferecendo uma guloseima bem gostosa, caso o cachorrinho fique calmo.
Passo 3:
Caso o gato seja o primeiro morador da casa e o cão estiver chegando depois, não deixar que o gato perca o seu território privando sua circulação em alguns cômodos. Identifique o local de refúgio e descanso do gato e não permita que o cão frequente esse mesmo espaço pelo menos no início do processo e até que a adaptação dos dois esteja em estágio avançado: gato circulando livremente pelo território, calmo e de forma segura. Não permitir que o cão coma a comida do gato e beba sua água.
O gato pode sentir seu território invadido. Manter a privacidade do gato é imprescindível para evitarmos stress e possíveis questões clínicas associadas a ele. Não tente apresentar os dois, forçar contato, segurar o gato no colo para o cão cheirar.
Nada disso! Mesmo que os dois não tenham contato, mantenha as unhas do gato sempre aparadas, pois acidentes podem acontecer. E com relação ao cão, seguir as mesmas instruções do passo 2.
Passo 4:
Assim como nós humanos separamos nossos ambientes (local de dormir, de comer, etc.), o gato também precisa ter seus recursos espalhados. O nome técnico disso é setorização. Porém, precisamos tomar algumas precauções com relação a forma como isso será feito, agora com um cão dividindo o território com o gato.
Não permita que o cão tenha acesso aos recursos do gato, vasilhas de comida, água e caixa sanitária. A ração de gato não é adequada às necessidades nutricionais do cão, podendo desbalancear sua flora intestinal, levando à diarreia. Gatos gostam de beber água limpa.
Por isso, evitar que o cão beba água na mesma vasilha do gato evita que a água fique “suja” com pelos ou mesmo saliva do cão. No geral, não há grandes problemas caso o gato tenha acesso a todos os recursos do cão, mas o cão não deve ter acesso aos recursos do gato. Caixa sanitária é um assunto bem delicado na relação de cães e gatos, já que é um super atrativo para os cães por conta do gosto das fezes dos gatos.
É isso mesmo! As fezes dos gatos são altamente palatáveis para os cães, pois tem muita proteína. Portanto, não brigue com seu cãozinho, caso ele esteja visitando a caixa do gato para fazer um “lanche”.
Apenas restrinja o acesso dele à caixa do gato. Uma sugestão é a colocação de uma grade ou portão, onde apenas o gato consiga transpor a barreira, mas o cachorro, não.
Passo 5:
Adaptação ocorrendo de forma leve e positiva, ótimo! Nesse momento, é natural que os tutores parem de fazer as ações com o cão.
Errado! Continuar trabalhando o comportamento do cão é imprescindível para que ele se mantenha cada vez mais calmo e controlado.
Quando temos um novo membro na casa, é muito comum que todas as atenções sejam voltadas a ele, então acabamos nos esquecendo um pouco do animal mais velho de casa.
Nada disso! Procure equilibrar o tempo gasto com cada um deles e se esforce para manter a mesma rotina de interações, atividades e brincadeiras.
O objetivo é evitarmos que após a chegada do outro animal, haja mudanças bruscas, principalmente no dia a dia do gato, que tem sua natureza metódica.
Dica de ouro:
E para finalizar, uma dica de ouro. Não há receitas prontas para processos de adaptação.
Portanto, em caso de dúvida, recomendo que você peça ajuda a profissionais de comportamento (canino e felino) para que essa relação seja construída de forma harmônica.
Não espere o gato ficar isolado e o cão ansioso com relação ao gato para procurar auxílio profissional. Uma relação construída de forma errada pode levar muitos e muitos meses para ser recondicionada.
Boa sorte com o novo amigo, um beijo e até a próxima dica,
Val.
Leia também: É possível dois cachorros e um gato serem amigos?
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