Isolamento social é uma expressão que me incomoda.
Até na semana passada, quando a ONG Dolphin Project divulgou esta imagem da orca Lolita sozinha no tanque mais retrógrado dos Estados Unidos, eu não tinha identificado se o termo me perturbava como revisora – minha profissão – ou como ativista. Mas o que é o português mais adequado perto da solidão dela.
Lolita foi capturada da natureza aos três anos, na Costa da Islândia, na década de 1970, e é mantida em cativeiro há quase 50 em um parque marinho de Miami, onde é obrigada a fazer truques em troca de comida.
Está sozinha desde que Hugo, seu companheiro de tanque, morreu em 1980, aos 15 anos, de aneurisma cerebral, depois de repetidos danos autoinfligidos – ele batia a cabeça contra as paredes de concreto após o término dos shows.
Todos que temos o privilégio de ter um teto estamos na nossa casa.
Com nossos pais, filhos, animais, plantas.
Podemos ligar, mandar um whats, ver quem a gente ama por vídeo quando quiser.
E, seguindo o processo evolutivo que o universo nos impôs, estamos assim por opção.
Agora, ela.
Ela não pode ligar para os pais – só para constar, a mãe de Lolita ainda está viva e livre, periodicamente avistada na região onde a filha foi sequestrada.
Ela não pode mandar mensagem para os amigos.
Nem na casa dela ela está.
E o pior: não por escolha dela.
Não estamos socialmente isolados. Estamos fisicamente distantes.
E o que é uma #quarentena de dias para promover o bem perto de 50 anos de solidão causada pelo mal.
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Você conhecia a triste história de isolamento imposto na vida da orca Lolita? Conta pra gente aqui embaixo!
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