Todo cachorro é maravilhoso, mas cada um tem sua singularidade. Tive a sorte e a honra de conhecer o Bruce. Era grandão, sempre engraçado. Tinha aquele olhar que a gente só tem quando é criança, protegido dos desgostos do mundo. Parecia um filhote crescido – mesmo quando já estava velhinho. Coterapeuta, dedicou parte da vida a levar companhia, qualidade de vida e alegria a crianças, adultos e idosos em situação de vulnerabilidade em instituições, asilos e hospitais.
E foi assim até que ele partiu.
O problema é que o vazio e a tristeza causados pela perda de um animal de estimação nem sempre têm lugar de acolhimento na nossa sociedade.
A sociedade e o luto por um animal de estimação
Quando um membro da família morre, por exemplo, a maioria das empresas concede dias de licença para que possamos nos recuperar de tal perda. Sendo o animal de estimação também um membro da família, muitas vezes até mais pertencente do que aquela tia distante ou aqueles primos com os quais perdemos o contato, por que não ter a mesma empatia por esse luto?
“Sem poder lamentar a morte do animal de estimação, o funcionário está presente fisicamente, mas não traz nenhum valor agregado para a empresa”, explica Cary Cooper, professor de psicologia organizacional da Universidade de Manchester, no Reino Unido.
No entanto, sabemos que o mundo corporativo e a sociedade, de forma geral, não têm uma cultura tão compreensiva.
Livro “Para Sempre Bruce”
Foi então que a psicóloga – e tutora do Bruce – Tatiane Ichitani decidiu transformar sua experiência em livro: PARA SEMPRE BRUCE ajuda, de forma lúdica e respeitosa, adultos e crianças a lidar com todos os sentimentos que envolvem a perda de um animal de estimação.
“Falar sobre morte não é simples, ainda mais quando a família toda está conectada por dor e saudade. Mas é importante que o luto seja vivido, para que a dor deixe lugar às boas lembranças”, explica a autora.
Ilustrado por Paula Kranz e com prefácio das psicólogas Annelisa Faccin e Ana Paula Santa Helena, PARA SEMPRE BRUCE está disponível na Lojinha do Cão Terapeuta – Instituto onde Bruce atuou e para o qual Tatiane doou 150 exemplares da obra, cujo valor arrecadado será revertido integralmente para a organização.
Terminei este artigo e, como o próprio livro recomenda, dei espaço ao que estava sentindo: chorei.
Se estiver passando por um processo parecido, siga o perfil do CEIHA – Centro de Estudos da Interação Homem-Animal no Instagram, que disponibiliza diversos diálogos sobre o tema.
Leia também:
A triste vida da orca que nadou com o Príncipe Charles
Cães idosos: 5 cuidados na hora do banho
De Zoológico a BioParque: o que mudou no antigo zoo
7 perguntas para se fazer antes de adotar um cão ou gato