Documentário disponível na Netflix conta a trágica história da elefante que se tornou símbolo dos abusos físicos e psicológicos sofridos por animais selvagens explorados por circos.
Pulei algumas cenas.
Não consegui assistir ao documentário inteiro sobre Tyke – elefanta africana capturada da natureza em 1973, em Moçambique, e enviada aos Estados Unidos, onde foi treinada pra performar em circos.
Vinte anos de correntes, abusos físicos e psicológicos, e inúmeros maus-tratos depois, Tyke mata seu treinador no picadeiro, foge pro centro da cidade de Honolulu e é assassinada pela polícia.
Não consegui ver a parte em que ela é acometida por 87 tiros – no corpo, na cabeça e até nos olhos.
Também não consegui assistir à parte em que o dono do guindaste resgata seu corpo majestoso, imóvel e ridicularizado numa fantasia, e descreve a lágrima nos olhos dela.
Tampouco fui capaz de ver os vídeos internos da companhia responsável pelos elefantes, que denunciam os espancamentos, as afrontas psicológicas e os animais presos em correntes 22 horas por dia.
E os abusos da indústria não eram direcionados só aos animais.
O machismo predominante no segmento é explícito no depoimento da única mulher que fazia parte da equipe, de quem o último treinador de Tyke caçoou quando ela disse que não deveria levar a elefanta pros shows. Ele riu e inspirou um “eu sou macho, eu dou conta” – a propósito, foi ele quem Tyke matou.
Desde a tragédia, mais de 20 países e 300 regiões proibiram o uso de animais selvagens em espetáculos circenses no mundo.
Hoje, de acordo com a World Animal Protection, “as atrações turísticas que oferecem interações com animais silvestres ainda são responsáveis por quase 40% de todo o turismo global. Muitas delas dependem da manutenção desses animais em cativeiro para serem manuseados, usados como acessórios para fotos, montados ou explorados em shows”.
A trágica história de Tyke na década de 1990 somada aos dados que ainda amargamos em 2020 comprovam mais do que nunca que a única coisa que pode mudar a triste e cruel realidade desses animais é a nossa consciência.
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