Sete de julho de 2020. Um estudante de Medicina Veterinária de 22 anos, do Distrito Federal, é picado por uma cobra naja, considerada uma das espécies mais venenosas do mundo, e internado em estado grave num hospital da região, entrando em coma no mesmo dia.
Índice
Saiba por que cobra não é pet:
Cobra criada por quem?
A suspeita é de que o estudante criava a naja dentro de casa e sem autorização, o que é crime. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, o IBAMA, o jovem não tinha registro do animal e, por isso, foi multado em R$ 2 mil.
Abandonada perto de um shopping
O estudante, que escolheu manter em cativeiro uma espécie que, como futuro veterinário, suponho que soubesse que não deveria fazê-lo, foi socorrido e bem tratado; já a naja, que não teve escolha, sendo obrigada a conviver diariamente com seres humanos, não recebeu o mesmo tratamento por parte do “tutor”: de acordo com o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), a serpente foi abandonada logo depois de picá-lo, perto de um shopping e por um amigo do estudante, em um local escuro, dentro de uma caixa, atrás de um monte de areia.
Depois de uma denúncia anônima, um dia depois de a Naja ser resgatada, mais 16 cobras foram encontradas em um haras em Planaltina, a 60 km de Brasília.
Alguns animais estavam magros e desidratados, e também teriam sido escondidos pelo amigo do estudante.
Você por aqui?
As najas não pertence à fauna brasileira: a espécie é originária de países da África e da Ásia. Logo, o que ela estaria fazendo por aqui?
Antes do ocorrido, o estudante picado mantinha um perfil em uma rede social, repleto de fotos e vídeos de algumas espécies de serpentes. Quando a investigação começou, a página foi apagada.
E agora?
Após a apreensão, a naja foi encaminhada para o zoológico de Brasília, onde ficou até o começo de agosto, quando foi transferida para o Instituto Butantan, em São Paulo.
O estudante é suspeito de crime ambiental e de ter tentado atrapalhar as investigações.
A Polícia do Distrito Federal acredita que o caso pode levar à revelação de um esquema de tráfico de espécies exóticas com desdobramentos internacionais.
Não, cobra não é pet
A World Animal Protection Brasil elencou uma lista de argumentos para tal conclusão:
- Lugar de cobra é na natureza: as serpentes são animais silvestres e não estão adaptadas à vida em cativeiro;
- Por mais modernos e bem cuidados, terrários jamais poderão oferecer à espécie tudo o que ela tem disponível vivendo em seu habitat natural;
- Cobras não reconhecem o ser humano como algo positivo. Por isso, não é incomum casos como o recente, de tutores que são mordidos pelas serpentes que cativam;
- Animais não são acessórios: muitos criadores escolhem e mantêm cobras como pet apenas por uma falsa sensação de excentricidade ou exibicionismo, sem nem ao menos saber quais são os comportamentos e as necessidades da espécie;
- No Brasil, a comercialização de serpentes venenosas é PROIBIDA. Infelizmente, o tráfico de animais silvestres é dessensibilizado por parte da população que, inclusive, é responsável pela demanda dessa comercialização, colocando em risco animais e seres humanos.
Saiba como denunciar o tráfico de animais silvestres aqui.
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