A Banalização dos Testes em Animais

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Estávamos indo bem. Cada vez mais empresas dos segmentos cosmético e farmacêutico vinham se mostrando alinhadas com a nova consciência do consumidor, que passou a buscar produtos livres de crueldade – não testados em animais e com ingredientes de origem vegetal. Mas tinha uma pandemia no meio do caminho.

Jane Goodall. Foto: El País

”Os cientistas testam com animais, porque isso é o que sempre se fez”, afirmou a primatóloga, ativista, mensageira da paz pela ONU e também cientista Jane Goodall em entrevista ao jornal El País, em maio de 2015.

No início desta semana, assistindo a um canal de notícias, ouvi um repórter, por quem tenho muita simpatia, inclusive – também por seus cães sempre aparecerem em suas participações no jornal, já que suas entradas então sendo de casa por conta do panorama atual -, dizendo: “os pesquisadores já encomendaram os ratinhos, de uma empresa americana, para começar a testar a vacina (contra o coronavírus)”. 

A Banalização dos Testes em Animais

Já é a quarta vez em 10 dias que presencio esse adendo específico da mesma notícia sob o mesmo tom: testes em animais sendo tratados com naturalidade. Entendo, porque, muitas vezes, não é falta de coração, é falta de informação. Somos humanos.

E nenhum ser humano detém todas as informações necessárias para rebater ou até questionar determinados hábitos da sociedade – ainda mais quando esses hábitos estão relacionados à sociedade científica e diretamente ligados à uma possibilidade de resolução da maior crise mundial de saúde da nossa época. 

No entanto, diante do processo evolutivo que o universo nos impôs, acredito que um dos nossos aprendizados seja zelar pelo outro – o que também inclui espécies diferentes da gente. O que automaticamente também compreende não ignorarmos a vida miserável dos animais em laboratórios de pesquisa. 

“Coelhos são totalmente imobilizados, sem poder sequer piscar, enquanto cientistas pingam substâncias em seus olhos. A tortura pode durar horas ou dias a fio até que, no fim do teste, o animal é sacrificado”, publicou a revista SuperInteressante em novembro de 2018, quando os maus tratos aos animais foi tema de capa da edição. 

Na ocasião citada no início deste artigo, Jane Goodall não revelou detalhes menos cruéis ao repórter do El País: 

“Se você visse o que fazem a eles e como o fazem… Em um Instituto para a Pesquisa do Cérebro em Frankfurt, na Alemanha, privam os macacos de água por até dois dias, e os mantêm presos em cadeiras com eletrodos em suas cabeças. É horrível”.

Entretanto, os testes em animais são necessários? Ou é são só um costume? 

“Se a ciência diz, com certeza, que a única maneira de aliviar o sofrimento humano em grande escala é utilizando chimpanzés ou macacos, então deve ser obrigatório que estes seres sacrificados sejam tratados com respeito. Atualmente, não são tratados com respeito, em absoluto. Tem que ir passo a passo. Um passo obrigatório, na minha opinião, é que vivam em melhores condições. O segundo passo é investir muito mais dinheiro na pesquisa de alternativas. O terceiro passo é perguntar se realmente se necessita de um chimpanzé, ou de um macaco, ou de um cachorro, ou de um rato. Com sorte, um camundongo sente menos dor, mas se vamos desenvolver alternativas, vamos desenvolvê-las!”, completa Jane. 

Não, eu não sou cientista. E também não sou uma ativista irresponsável a ponto de afirmar que testes são necessários para quê. 

Entretanto, inúmeros animais estão sofrendo e ainda vão sofrer para tentar salvar as nossas vidas. E é compreensível achar necessário. Só não é admissível achar normal.

Texto relacionado: A Máfia dos Tigres: A Exploração Além do Óbvio

Você sabia das crueldades relacionados aos testes em animais? Qual sua opinião? Deixa aqui embaixo nos comentários!

Carol Zerbato

Escrito por Carol Zerbato

Escritora, publicitária e ativista pelos direitos dos animais, Carol Zerbato já foi locutora e repórter; trabalhou com comunicação corporativa e assessoria de imprensa; e atuou como redatora e revisora. Foi uma das embaixadoras da campanha contra a Leishmaniose Canina e é uma das madrinhas do Santuário de Elefantes Brasil. É autora do livro Ativismo Consciente: A importância da Inteligência Emocional na Causa Animal, criadora da Cachorra Carol, palestrante e mãe de três filhos: Rachel, a mais velha, uma labralata; Deloris, a do meio, uma gata vira-lata; e Ben, o caçula, um humano.

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