Gravidez psicológica em cães: como funciona?

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A gravidez psicológica é bastante conhecida, mas nem todos sabem identificar e tratar um pet que esteja passando por essa situação. Portanto, primeiro vamos entender o que é isso.

Bastante comum em fêmeas não castradas, a gravidez psicológica é um distúrbio hormonal que pode surgir em poucos meses após o cio, levando o pet a apresentar mudanças comportamentais (possessividade com o ninho), psicológicas (agressividade, depressão, inquietação) e alterações físicas (inchaço das glândulas mamárias, produção de leite, secreção vaginal, aumento de peso, etc), assim como uma cadela gestante, porém sem estar grávida. Portanto, esteja sempre atento às características do seu pet, e se notar alguma mudança repentina, busque um veterinário para investigar se há algo de errado.

Em outros casos, ao longo da suposta gravidez, pode ocorrer de a cadela adotar algum objeto da casa e tratá-lo como um filhote, como um boneco, por exemplo, exercendo todo o instinto materno de proteção e cuidado.

Mas o que provoca a gravidez psicológica?

No período do cio, as cadelas começam a ovular e é bastante comum que desenvolvam alterações hormonais. Ainda não se sabe ao certo o que provoca a gravidez psicológica em cães, mas estima-se que ocorra por conta de uma queda mais rápida do que o normal na concentração do hormônio progesterona, seguido pelo aumento nas concentrações de um outro hormônio, a prolactina.

A progesterona se mantém alta durante a gestação da cadela e, na pseudogravidez, ela também se manterá alta, mas ocorrerá uma rápida queda associada à sensibilidade da cadela ao aumento da prolactina. Esse hormônio será responsável por dois sintomas: a produção de leite e o comportamento maternal, mesmo sem estar grávida.

Essa oscilação hormonal no organismo de cadelas no cio é responsável pelos sintomas da gravidez psicológica em cães. Fisiologicamente, a cadela ovula espontaneamente quando acontece o aumento da progesterona. Contudo, em todos os cios pode ocorrer a gravidez psicológica, mesmo com a ausência dos sinais clínicos que chamam a atenção para o caso.

Curiosidade: há milhares de anos atrás, os animais viviam em grupos, tendo uma denominação para cada grupo de espécies diferentes. Por sua vez, os cães sobreviveram em matilhas, o que possibilitou que as fêmeas deixassem os seus respectivos filhotes com outras fêmeas, que também estivessem no período de cio, do grupo para fins de caça. Muitos acreditam na possibilidade da gravidez psicológica ter relação com esse período evolutivo dos cães.

Como tratar?

Gravidez psicológica em cães: como funciona?
Foto: Canva

O primeiro passo em direção ao combate de uma pseudogestação é observar o seu pet. Se notar algum comportamento estranho, alterações físicas ou psicológicas, é fundamental que você busque a ajuda de um veterinário para identificar as causas e iniciar o tratamento ideal para o quadro.

A solução definitiva para o quadro de gravidez psicológica é uma prática que ainda é tratada como um tabu entre tutores de pet: a castração.

Mas afinal, a castração realmente impede que isso ocorra?

A resposta é sim. Embora ainda seja uma prática mal vista por alguns, a castração, além de atuar diretamente na melhora da qualidade de vida do animal, também atua diretamente na prevenção e no tratamento da gravidez psicológica. Isso, pois o procedimento cirúrgico faz com que o organismo da cadela reduza consideravelmente a produção dos hormônios responsáveis pela pseudogestação, além de impedir que a cadela fique prenha.

A castração é uma atitude que proporciona uma melhor qualidade de vida futura ao pet. Doenças como piometra e câncer de mama, nas fêmeas, e câncer de próstata ou testículos, no caso dos machos, além de prevenir contra doenças infecciosas, visto que animais castrados não possuem o hábito de fugir de casa para se relacionar, reduzindo as chances de contágio.

Mas lembre-se, em caso de dúvidas ou suspeitas, chame um veterinário para esclarecê-las!

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Marina Pais

Escrito por Marina Pais

Médica veterinária formada pela FESO, CRMV RJ 15058, é co-founder da buddy.vet, uma plataforma de serviços de saúde pet em domicílio no Rio de Janeiro.

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